
A rejeição ao ex-presidente
também recuou. A fatia de eleitores que dizem não votar nele de jeito nenhum
caiu de 46% para 42%. É um percentual alto, mas não significa que ele seja um
rival fácil de ser batido no segundo turno. Pelo contrário: se a eleição fosse
hoje, Lula vence todas todos os adversários que se apresentam como
pré-candidatos.
Seria a pesquisa dos sonhos
para o PT se não fosse por um detalhe. Nada menos que 54% dos brasileiros
defendem que Lula seja preso. Ele já foi sentenciado a nove anos e meio, mas
recorre em liberdade. Além disso, é réu em outras seis ações penais.
Não se sabe quantos
entrevistados leram as 238 páginas da primeira sentença de Sergio Moro.
Admitindo-se que o grupo seja residual, a maioria formou sua opinião com base
em dois fatores: o noticiário de Curitiba e a torcida contra o ex-presidente.
Aqui surge a segunda
contradição da história. Muitos eleitores cruzam os dedos para que Lula seja
preso e assim fique longe do Planalto. No Congresso, antipetistas profissionais
dizem que o raciocínio está errado. Nove entre dez tucanos preferem ver o
ex-presidente condenado, porém em casa. Na cadeia, ele reforçaria o discurso de
perseguição política, com altos dividendos eleitorais.
Vistos em conjunto, os
números indicam que a sociedade continua fortemente polarizada em torno do
petista. Isso sugere que uma eleição com Lula arrisca terminar em impasse. Se
ele for preso, uma fatia expressiva da população pode questionar a legitimidade
do pleito. Se for eleito sem derrubar a condenação na Justiça, outro grupo
considerável pode contestar sua vitória. Não é um cenário animador para a
democracia, seja qual for o lado do eleitor.
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
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