Parte do dinheiro desviado do município de Buenos Aires foi usada em campanhas eleitorais do
ex-prefeito Gislan de Almeida Alencar, preso na 'Operação samidarish',
realizada pela Polícia Civil. A declaração é do delegado Izaias Novaes. O
policial participou, na manhã desta segunda-feira (30), de uma coletiva de
imprensa para apresentar o balanço final da ação, deflagrada na sexta-feira
(27).
A operação investiga o desvio de R$ 12 milhões em verbas
públicas. Além do ex-prefeito, o vereador Flávio José Barbosa de Melo, conhecido
como Flávio de Deda, (PSDB), foi preso pela Polícia Civil.
“O ex-prefeito era o ordenador de despesas. É um município
pequeno e a gente sabe que ele tinha conhecimento do que estava acontecendo
ali. Não tem como você gerir um município daquele tamanho sem ter o devido
conhecimento daquela fraude”, pontuou o delegado.
O vereador é suspeito de abrir um restaurante na Zona Sul
do Recife para lavar o dinheiro subtraído dos cofres públicos. De acordo com a
Polícia Civil de Pernambuco, as pessoas investigadas são suspeitas de fraudes
em licitações públicas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
![]() |
Moradores de Buenos Aires fazem protesto |
“Nós identificamos pela movimentação financeira que o
vereador era o responsável por receber os valores dessas empresas”, completou.
Com Flávio José Barbosa de Melo, a polícia encontrou um revólver calibre 38.
Com isso, ele também foi autuado por posse ilegal de arma de fogo.
Dos nove mandados de prisão expedidos pela Justiça, oito
foram cumpridos. Entre os detidos, há empresários. “A maioria dos sócios das
empresas é composta por laranjas”, contou o delegado.
Ao todo, 13 mandados de busca e apreensão e 11 de condução
coercitiva foram cumpridos. A ex-vice prefeita foi conduzida para a delegacia
para ser ouvida. Os agentes também recolheram celulares, documentos e computadores.
O G1 segue tentando localizar a defesa dos detidos pela
Polícia Civil.
Buenos Aires tem cerca de 13 mil habitantes. A operação, segundo a Controladoria
Geral da União (CGU), é um desdobramento das duas etapas da operação
Comunheiro, que investigaram também desvios de verba pública.
De acordo com o superintendente da Controladoria Geral da
União, Fábio Araújo, cerca de 60 licitações estão sendo estudadas. O órgão
suspeito que havia algo errado no município quando descobriu que se pagou 26
mil com lavagem de veículos em apenas um mês.
“Nós vamos fazer parte da equipe que analisa os processos
licitatórios que foram apreendidos. A ideia é subsidiar a operação para trazer
quais foram as fraudes nesses processos”, disse.
Desvios
A verba desviada pertencia às secretarias de Saúde,
Educação e Assistência Social. Segundo o chefe da Polícia Civil, 70% do
dinheiro foi repassado pela União e 30%, pelo governo do estado. O esquema
criminoso teria ocorrido ao longo de todo o mandado do ex-prefeito.
Operação
Além da capital pernambucana e do município de Buenos
Aires, a operação aconteceu nas cidades de Aliança e Carpina, na Mata Norte,
Limoeiro, no Agreste, Paulista, no Grande Recife. Os mandados foram expedidos
pela Comarca de Buenos Aires.
Na execução do trabalho operacional, participaram 160
policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, coordenados pela
Delegacia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos da Diretoria
Integrada Especializada (Diresp).
A investigação contou com o apoio do Ministério Público de
Pernambuco, o Tribunal de Contas de Estado e a Controladoria Geral da União,
que deram suporte às investigações.
Os suspeitos e o material apreendido foram encaminhados à
sede do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), no bairro
de Afogados, na Zona Oeste do Recife.
Informações do G1PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário